Depois de um filho nada do que foi será
Depois de um filho nada do que foi será
Na nossa vida existem fatos importantes, e que por isso mesmo se tornam inesquecíveis.
Entre eles, um tem lugar reservado no topo de qualquer espaço onde guardamos nossas memórias: o nascimento do filho.
Em 1986 morava em Pirapora, onde atuava como gerente da Cemig. Casado há quase três anos, já havíamos sofrido pela ocorrência de dois abortos, o que nos deixava muito apreensivos sobre a possibilidade de termos um filho.
Mas veio a terceira gravidez. No terceiro mês viemos a Belo Horizonte para uma consulta com o ginecologista que acompanhava a Gláucia.
Após o exame e sabendo do seu histórico, o médico recomendou repouso total e acompanhamento permanente.
Resultado: voltei sozinho para Pirapora, enquanto a Gláucia ficou no apartamento dos seus pais, cumprindo a recomendação médica de absoluto repouso.
Somente levantar da cama para as necessidades fisiológicas. Uma realidade que vivemos de forma serena, pela expectativa e pela importância do que viria.
No meu caso, a rotina passou a ser o trabalho de segunda a sexta e à noite pegar o ônibus para BH, retornando no domingo à noite.
Seis meses curtindo a expectativa e dividido entre a solidão da casa em Pirapora, as horas na estrada e o fim de semana juntos.
Chegado o tempo, inicialmente foi marcada a data de 15/05/87 para o parto. Assim, providenciei as férias para o dia 10/05 para estar presente naquele que seria um momento tão importante na minha vida.
Mas o Gabriel não estava com pressa. Estava gostando do aconchego de onde vivia, retardando o quanto pôde para nos brindar com sua presença. Ele ainda não sabia sobre período de férias.
Assim, no dia 29 de maio nós o recebemos com aquele sentimento que somente os pais conhecem. E nossa vida nunca mais foi a mesma.
Havia agora um ser pequenino, frágil, totalmente dependente e para quem seríamos o porto seguro, a referência e a fonte de amor incondicional.
A partir daquele dia, todas as nossas referências mudaram de foco e dimensão, se ampliaram e descortinaram um mundo novo.
A fragilidade daquele pequenino nos fortalece, sua pureza nos inebria e sua dependência nos agiganta. Claro que os pais entenderão perfeitamente esta afirmação. Mas não há como vivê-la sem a paternidade. E as mães, muito mais que nós, a vivenciam em plenitude.
O nome Gabriel significa " Mensageiro de Deus", e para mim também foi a grande mensagem d'Ele para minha vida.
Quando retornamos para Pirapora, já não éramos mais os mesmos. A sensação era de estar carregando um grande tesouro que mudaria para sempre as nossas vidas.
Um filho ressignifica nossa caminhada, amplia nossos sentimentos, eleva o nosso patamar e cristaliza para sempre o significado da entrega. Minha gratidão para sempre, meu filho!
* Antônio Marcos Ferreira
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