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O nhambu, a noiva e jegue

O nhambu, a noiva e jegue

04/10/2022 Antônio Marcos Ferreira

1976. Manga está fervilhando com a realização do Segundo Encontrão, uma semana com várias atividades culturais, esportivas, sociais e de entretenimento.

Uma das atividades que envolveram a participação de vários setores da comunidade foi uma grande gincana. Muitas equipes foram formadas e se inscreveram.

A equipe coordenadora preparou tarefas que exigiam, além de bom conhecimento das coisas da cidade, rapidez para o deslocamento e realização das atividades.

O ponto de encontro era em frente ao prédio da prefeitura municipal, onde foi montado o som no segundo andar, enquanto as equipes se colocavam na rua em frente.

Muitas brincadeiras e expectativas para as tarefas a serem propostas. Aí aconteceram fatos muito engraçados e que me foram lembrados por uma participante da gincana.

Uma das tarefas, anunciada pelo locutor, dizia:

- Cada equipe deverá capturar e trazer ao palco um nhambu, que após conclusão da tarefa será novamente solto no mato.

O nhambu (também conhecido como inhambu, lambu) é uma ave presente em várias regiões do Brasil, existente portanto nas fazendas da região, caracterizada pela ausência do rabo. Suruca era o termo que usávamos para caracterizá-lo. 

Tão logo foi anunciada a tarefa começou a correria. Todo mundo procurando as fazendas mais próximas da cidade para tentar capturar seu nhambu. Uma das equipes procurou, mas não conseguia encontrar.

Não deixou por menos: ao passarem por um galinheiro, viram uma galinha que estava acompanhada por várias franguinhas.

Escolheram uma com a cor mais próxima à da ave procurada e providenciaram para que ficasse bem parecida: arrancaram todas as penas do rabo, deixando-a suruca, tal qual um nhambú. 

Quando chegaram ao local da gincana, o representante subiu ao palco, entregou o "nhambú" ao coordenador, que morava na cidade e conhecia pouco das coisas da roça.

Ele já estava dando os pontos para a equipe, se não fosse a minha prima, uma garotinha de uns dez anos, cujo pai tinha fazenda onde apareciam muitos nhambus e, portanto, bem conhecidos dela. Assim ela então entrou em cena, apanhou o microfone e gritou:

- Isso aí não é nhambú de jeito nenhum. É uma franguinha surucada! 

Silêncio na platéia. 

Foram chamadas algumas pessoas para fazerem a verificação. Comprovado que era realmente uma franga surucada, a equipe foi eliminada por tentativa de fraude. 

Outros nhambús verdadeiros apareceram para darem pontos às suas equipes. Mas o dia ainda reservaria muita confusão também. 

Última tarefa: cada equipe deveria trazer um homem vestido de noiva, montado em um jumento! 

Havia um casal de amigos, a Nilzinha e Edson, recém casados, que estavam lá também. Eles haviam sido chamados por uma equipe para participarem da gincana, mas, segundo ela, o Edson não queria que participassem. Ele só não sabia que ela já tinha se incrito, só que em outra equipe. 

Quando foi anunciada a última tarefa, a Nilzinha imediatamente disponibilizou o seu vestido de noiva, lindo, guardado com todo carinho após o casamento.

Só que ela, corpinho de manequim, não sabia quem seria a "noiva" que iria vestí-lo pela segunda vez! E a escolha não foi das melhores! 

O voluntário que se ofereceu para se vestir de noiva e montar no jegue foi o Boaventura, comerciante local no ramo de alimentos. Mas parece que ele experimentava todos os produtos que vendia. 

Por isso ostentava uma barriguinha de "seis meses", e teria que entrar naquele vestidinho de noiva. 

Quando Nilzinha viu a "noiva" que teria que entrar no seu vestido, não sabia se ria da situação ou se pensava na bronca que receberia do marido, que nem queria entrar na equipe, quanto mais sacrificar o vestido da esposa. 

Mas não teve jeito! O vestidinho foi aberto nas costas e acrescentado um pedaço de pano para que pudesse acomodar a barriga do Boaventura! 

A equipe foi a vencedora da gincana.

O Edson, quando viu a Nilzinha comemorando, ficou sabendo que sua mulher, contra sua vontade, estava participando da gincana. Não só participando, mas sacrificando o seu vestido de noiva. 

Mas para ficar de acordo com o espírito do Encontrão, que era uma celebração de alegria e amizade, juntou-se aos compaheiros da equipe de Nilzinha e foram comemorar a vitória. E, claro, tomando umas com a "noiva", o Boaventura!

* Antônio Marcos Ferreira

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