Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O risco do prejulgamento

O risco do prejulgamento

11/09/2009 Dirceu Cardoso Gonçalves

Os casos do italiano Giuliano Tuze, de 40 anos, preso em Fortaleza (CE) sob a acusação de ter feito carícias íntimas na filha de 8 anos de idades (com isso teria infringido a nova lei do estupro, em vigor desde agosto) e da brasileira Simone Moreira, de 21 anos, presa na Itália como suspeita de ter jogado a filha de dois anos dentro de um rio e provocado a sua morte, incomodam e causam mal-estar a qualquer ser humano, já que desafia o relacionamento familiar.

Seria, um pai, por mais perverso e devasso, capaz de abusar sexualmente da própria filha e, ainda, em público? E uma mãe, pelo fato de estar rompendo um relacionamento, atiraria, impiedosamente, a própria filha para a morte? Em condições normais, é lógico que não! Da forma que tudo aconteceu ao italiano Giuliano e à brasileira Simone, ambos são à priori considerados culpados, pois já se encontram presos. O linchamento moral é  um grande risco que correm as autoridades, tanto da Itália quanto do Brasil. Ambos, tanto podem ser culpados quanto inocentes. O mais prudente seria, primeiro apurar tudo com cautela e rigor, dirimir as dúvidas para, depois, em sendo o caso, promover a penalização. No caso do italiano, além de apurar até a exaustão o que realmente teria ocorrido e levado à denúncia, as autoridades deveriam estar preocupadas com as repercussões que a prisão em flagrante pode trazer, até para a suposta vítima que – queiram ou não – ficará marcada pelo resto da vida como alguém que sofreu violência sexual praticada pelo próprio pai.

E se, ao final das apurações ficar provado que isso não existiu? Alguém conseguirá apagar essa marca? Provavelmente não. Quanto a Simone, além de perder a filha – o que pode ter sido um acidente – ainda amarga dias de cadeia e a incerteza quanto ao seu futuro perante as autoridades italianas. E se ela, também, conseguir provar que não jogou a filha no rio, que tudo foi apenas um acidente? Alguém conseguirá reconstruir sua alma ferida, sua dignidade?  Nos dois episódios, as autoridades poderiam ter aplicado o princípio jurídico “in dúbio pro réu”, ou seja, a presunção da inocência até que se prove em contrário. Em vez de lançar os suspeitos no fundo de uma cela fria e, muitas vezes, perigosa, poderiam tê-las impedido de abandonar a cidade ou o país até a conclusão das investigações e, com isso, evitar o risco de cometer injustiça.

Nunca é demais lembrar que as autoridades existem para apurar fatos e coisas e não têm bola de cristal para presumir e, logo de cara, já tomar as “devidas” (ou indevidas) providências. Serenidade é o mais aconselhável. São Paulo viveu, há alguns anos, o lamentável episódio da Escola de Base. Acusações irresponsáveis destruíram famílias e um estabelecimento, provocaram mortes e sofrimento e, ao final, ficou constatado, eram inverídicas. Faltou cautela. Todos os crimes denunciados merecem a mais séria apuração e a pena mais severa que lhe couber. Se houver menor entre as vítimas, a própria lei já prevê os agravos. Não precisam as autoridades assumir o papel de algoz (nem prevaricar). A sociedade carece de trabalho, seriedade e... justiça.

*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)



Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena