Segurança para estrangeiros, violência para brasileiros
Segurança para estrangeiros, violência para brasileiros
Devemos cobrar medidas austeras de prevenção e repressão à criminalidade não apenas durante os grandes eventos.
Todas às vezes que um fato que causa repugnância à população começa a se tornar corriqueiro tende a deixar de ser repulsivo para se tornar habitual à vida social.
Isto tem ocorrido com a violência que assola o país. Os jornais, as redes sociais têm mostrado diuturnamente cenas de violência como assaltos, homicídios, estupros, trocas de tiros e etc., que outrora seria repulsivo, hoje a indignação é momentânea.
Para este estado de violência sempre procuramos as causas: impunidade, excesso carcerário, falta de escolaridade, educação, dentre outras. Não restam dúvidas de que a escolaridade e a educação de uma nação tendem a diminuir a criminalidade, mas para que ocorra, é necessário um investimento maciço nestas áreas e tempo de gerações para a formação das pessoas.
A impunidade e o excesso carcerário são uma realidade, mas não há de permitir que minorias que cometem crimes coloquem em risco a vida da população obreira. Infelizmente, enquanto não se tem um sistema carcerário que permita a reintegração do criminoso à sociedade, deve-se segregá-los da vida social, minimizando a possibilidade de reincidência criminosa. Hoje vivemos a inversão de valores.
A palavra de um delinquente vale mais do que a da autoridade policial. Acusações de tortura física ou psicológica, excesso ou abuso de autoridade têm uma repercussão maior do que o crime cometido pelo infrator. Não se está, por óbvio, a justificar desvios de conduta, mas a Polícia Repressiva não pode ficar refém de bandidos.
Se houve troca de tiros que morra o bandido e não o policial que está desempenhando a sua função, o seu trabalho árduo de alta periculosidade, com salários, geralmente, incompatíveis com a profissão. Apesar de defensor dos Direitos Humanos, vejo que algumas pessoas que militam a seu favor estão com uma visão distorcida.
Nunca vi um trabalho sério a favor das vítimas, sempre visam a defesa do criminoso, causando uma desproporcionalidade que vem tornando diminuta sua importância aos olhos da sociedade em geral. Para se ter uma ideia do grau de violência em que vivemos, o Brasil ocupa a 11ª maior taxa de homicídios, segundo relatório com 194 países divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão ligado à ONU, no ano de 2014.
Importante frisar que o relatório trata apenas de homicídios, desconsiderando outros tipos penais. O excesso de leniência com indivíduos que cometem crimes contra a vida, tem permitido ao Brasil ocupar a vexatória posição supra, tornando nosso país um dos mais inseguros para se viver.
A realidade é que vivemos uma guerra civil entre bandidos e a sociedade, a exemplo da luta contra o tráfico nos morros cariocas, onde os confrontos entre a polícia e traficantes se dão com fuzis a quilômetros de distância. Não podemos perder a indignação e a repulsa com a violência.
Devemos cobrar medidas austeras de prevenção e repressão à criminalidade não apenas durante os grandes eventos como a Conferência Rio-92 da ONU, Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas durante todo o ano, sem banalizá-la e julgá-la como simples fato do cotidiano.
Se nestas ocasiões há diminuição de criminalidade, visando receber os estrangeiros, há como se fazer um país mais seguro para os brasileiros.
* Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).