A saúde no CTI
A saúde no CTI
Enquanto o governo federal não tratar a saúde no Brasil com máxima prioridade, não teremos um país mais justo e menos desigual.
Dados recentes divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmam insuficientes investimentos em Saúde feitos pelo governo brasileiro a cada ano.
Ocorre que quando os números apontam que mais da metade da conta da saúde de um brasileiro continua sendo paga por ele, confirma-se de maneira absoluta a omissão de forma irresponsável da União ao manter, ano a ano, menos investimentos na saúde pública que a média mundial.
Segundo a OMS, a média de gastos em saúde do governo brasileiro com cada cidadão foi de US$ 512, já a média mundial foi de US$ 615,00 por pessoa.
Além disso, no Brasil, 47,5% da conta final da saúde é arcada pelo poder público, contra 52,5% da conta para o cidadão, por meio de planos de saúde ou gastos privados.
Em contrapartida, na média mundial, a proporção é exatamente a oposta: 57,6% dos gastos com saúde são arcados por governos, contra 42,3% pagos pelos cidadãos.
De grande relevância ainda atestar a incompetência no gerenciamento dos gastos públicos da saúde e outras áreas no Brasil, comprometendo a qualidade do serviço prestado à população.
O excesso de burocracia favorece a ineficiência e a corrupção, e a falta de mecanismos de medir a efetividade de programas conduz a grandes desperdícios.
É preciso lembrar, ainda, a brusca perda dos recursos destinados para a pasta no orçamento da União. O corte de R$ 13 bilhões no Ministério da Saúde, anunciado no início do ano, está refletindo na queda, agora, de pelo menos 32% do gasto do governo federal com obras e compra de aparelhos.
Dados reportados pelo jornal Folha de São Paulo, em uma de suas edições de setembro, alerta para o fato de que de janeiro a julho de 2014 o investimento foi de R$ 2,5 bilhões. Neste ano, o total não passou de R$ 1,7 bilhão.
Esses números vêm, infelizmente, engrossando as fileiras de mais um capítulo do descaso de Brasília com a saúde dos brasileiros. Essa história dramática, que é a do Sistema Público de Saúde do Brasil, é contada diariamente nas filas do SUS, nos óbitos por falta de atendimento, nas obras inacabadas, nas lágrimas de quem aguarda há anos por cirurgias, meses por exames, dias por um atendimento de urgência.
E, infelizmente, é esse o cenário atual, que só mudará quando no Brasil o Sistema de Saúde Pública for tratado com absoluta prioridade na aplicação e na gestão dos seus recursos, possibilitando uma vida mais digna e justa a todos.
* Dinis Pinheiro é ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.