Violência
Violência
A violência que assola o país virou fato cotidiano.
A maioria da população brasileira não se assusta mais. Passou a ser corriqueiro nas páginas de jornais e na televisão, podendo ser tratada até como um fato trivial, como se fossemos acostumados e obrigados a conviver diuturnamente com assaltos, homicídios, latrocínios e outros tipos penais.
O Brasil está entre os vinte países mais violentos do mundo, sendo que das 50 cidades mais violentas nosso país possui 19 delas, segundo o Global Peace Index 2017. No Rio de Janeiro, em suas favelas, hoje chamadas de comunidades, é habitual a troca de tiros entre policiais e traficantes, que acaba, vez por outra, com a morte, por bala perdida, de inocentes, pessoas obreiras que lá residem pela pouca condição financeira, e tornam-se reféns desta violência descomedida.
A bandidagem não utiliza mais revólveres e pistolas, está fortemente armada com fuzis de alto calibre e alcance, fazendo com que as trocas de tiros com policiais se tornem cada vez mais distantes, em um verdadeiro campo de guerra. A média de policiais mortos no Brasil é de um a cada 32 horas, importante destacar que vários deles não estão nem a serviço, são mortos pelo simples fato de serem policiais.
Em várias capitais do país os policiais não voltam para casa fardados com medo de serem identificados e alvejados por criminosos. Entre 2011 e 2015, a violência no Brasil matou mais pessoas que a Guerra na Síria, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Evidente que por traz da violência está a falta de oportunidades (escola, educação, saúde, etc.) aos menos favorecidos, que veem no crime uma maneira mais fácil de sobrevivência.
Deve-se, por óbvio, atacar a causa, mas também conter as consequências. Pergunta-se: O problema não tem solução a curto prazo? Continuaremos a viver em uma guerra civil que os governantes insistem em negar, apesar dos números de óbitos e da violência? Tem-se de dar fim a este cinismo em prol da segurança pública. Não é possível ver e conviver com policiais e pessoas inocentes sendo mortas em razão da alta criminalidade que assola o país.
Não podemos assistir pela televisão bandidos fortemente armados impondo suas próprias leis em comunidades carentes, o Estado deve estar presente em todos os locais e comunidades. Tem-se que assumir que vivemos em uma guerra civil entre a criminalidade e pessoas obreiras. Deve-se dar um basta nos falsos direitos humanos, que jamais preocupam-se com a vítima ou com os policiais, apenas com os malfeitores.
O que fazer? Além do óbvio, que é o aumento do policiamento em estradas, ruas e fronteiras, e a permissão de uma atuação policial mais efetiva. Se uma emissora de televisão consegue filmar bandidos fortemente armados, desfilando com fuzis, porque esperar o enfrentamento policial a distância, colocando em risco a vida da população e dos próprios policiais, com trocas de tiros a quilômetros de distância e não permitir que sejam alvejados por atiradores de elite?
Quando a bandidagem atenta contra a vida de um policial, ela atenta contra a vida de qualquer cidadão desprotegido de defesa. Ou reconhecemos que estamos em uma guerra civil e permitimos que o Estado aja nesta circunstância ou estaremos fadados a reconhecer o crime como algo natural.
* Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).