Só depois da parada de 7 de setembro
Só depois da parada de 7 de setembro
Até agora ninguém pode palpitar com segurança sobre o que acontecerá em outubro. Apenas dois candidatos estão praticamente certos, um para a presidência da República, outro para o governo do Estado. A briga pelas duas vagas no Senado será de pesos pesados. A confusão é total.
NA confusão generalizada que envolve o futuro do país e do Estado, a ser definido em outubro, o melhor, por enquanto, é não afirmar nada. Mesmo porque, estamos ainda em fevereiro, e como vivemos no Brasil, o panorama de hoje pode ser outro amanhã. Afinal, em oito meses pode acontecer tudo. Ou nada..
APENAS dois candidatos podem ser considerados já definidos para o governo federal e para o estadual. Dilma Roussef, pelo PT, para a sucessão de Lula, e Antonio Anastasia, do PSDB, para a sucessão de Aécio Neves. Até agora, os dois concorrem sozinhos. E mais do que sem concorrentes, sem companheiros de chapa.
NINGUÉM sabe ainda quem será o vice de Dilma, como ninguém pode afirmar quem será o vice de Anastasia. E vice, os exemplos estão aí vivos, pode ajudar a definir uma eleição. Lula não teria sido eleito com a facilidade com que ganhou pela primeira vez, depois de derrotado três ou quatro outras, se não tivesse escolhido o confiável empresário José Alencar como seu companheiro de chapa. Alencar deu a Lula o que ele não podia apresentar ao eleitorado mais consevador: credibilidade, confiança. E mais, conquistou para a chapa a maioria dos eleitores mineiros, que votaram mais em Alencar do que em Lula. A fórmula, não sei quem a inventou, foi perfeita. Juntaram numa cédula um sindicalista de ligações supostamente estreitas com a esquerda, o que ainda atemoriza o eleitor comum, com um empresario, industrial, capitalista, conservador, um homem sério, respeitado, vitorioso, confiável. Deu certo.
NÃO há, ainda, condições para adivinhar, o verbo é este mesmo, o futuro que outubro nos reserva. José Serra será mesmo o candidato de oposição a Dilma? E quem disputará com Anastasia, um técnico de comprovada competência e habilidade, em Minas: Hélio Costa, o lider das pesquisas, pelo PMDB, Patrus Ananias, o ministro competente, austero professor de Direito, ou o ex-prefeito Pimentel, pelo PT? E a possibilidade, agora aventada, de José Alencar, vice de Lula, ex-senador, ser lançado para conquistar o Palácio da Liberdade, um sonho que ele sempre guardou no coração? Seria apenas uma tática, mais uma, de despistamento do grupo Dilma/Lula?
E PARA as vagas de Minas no Senado? São duas apenas. Como conciliar tantos candidatos de peso eleitoral na faixa de largada e de chegada. Aécio, Itamar, José Alencar, já assumidos como prováveis candidatos, mais os que não encontrarem espaço na disputa do governo do Estado, Hélio Costa, Patrus e por aí. Dureza.
COMO se vê, a confusão é total. E mais confusão poder surgir, os últimos acontecimentos indicam, na hora dos debates entre os candidatos ao Planalto. Parece, pelo menos é a vontade já manifestada pelo padrinho e protetor de Dilma, que o debate eleitoral terá como tema as conquistas obtidas pelo país no seu governo e no de Fernando Henrique. Quem fez mais, quem melhorou mais a vida dos brasileiros, quem fez mais obras, quem criou mais escolas, mais hospitais, quem construiu mais estradas, quem deu maior impulso ao transporte público. Os tucanos devem se lembrar de que esta tática petista, na reeleição de Lula, deu certo. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, passou a campanha toda tentando defender a administração de FHC, seu companheiro de partido, quando deveria defender o seu próprio programa de governo. Lula nadou de braçada, e virou o resultado, que no começo parecia não lhe ser favorável. Agora, a coisa se repete. Provocado habilmente pelos marqueteiros de Lula/Dilma, o ex-presidente e lider maior do PSDB, botou seu bloco na rua, para elencar os feitos de seu governo, comparando-os com os de seu sucessor. Se Serra for pelo mesmo caminho, o que aconteceu com Alckmin pode se repetir. Os avisos de advertência já foram dados por algumas cabeças bem formadas do ninho tucano, como a de Aécio. Serão ouvidos?
ENFIM, volto ao início. O melhor, para os que estão fora da briga, como meros observadores, é o meu caso, é não querer antecipar o que vai acontecer em outubro. Antes de março, certamente, nem chapas formadas teremos. E como dizia o sábio Hélio Garcia, eleição no Brasil só se define depois da parada do 7 de setembro.
* Fábio P. Doyle, jornalista e membro da Academia Mineira de Letras