Uma Obsessão de Amor
Uma Obsessão de Amor
Todos nós já conhecemos alguém que tem um amor obsessivo.
Tudo acontece por causa da dependência que temos em outra pessoa por termos emoções frágeis. Tem muita gente que continua chamando isso de amor, diz que “ama demais”, mas na verdade, isso não passa de uma dependência. Fernando Pessoa dizia “Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é necessário ser um”.
Então, amar, tem seu significado não no que as pessoas buscam, que é se completar com outra pessoa. Amor é, no fim, estar com alguém simplesmente porque gosta de estar com alguém, é uma troca que não é doentia, que não delega prejuízos, sem confusão sentimental. Se não for assim, preste atenção: não é amor. Mas quem é obsessivo não consegue perceber sua obsessão, e por isso precisa da ajuda de um profissional da área da psicologia.
A quantidade de confusões emocionais, pode quantificar essa obsessividade. O problema é que quando nos tornamos dependentes de outras pessoas, em vez de darmos prazer, damos desprazer. Geramos um peso, uma carga que o outro não tem obrigação de carregar, e aí, passa-se a magoar-se com facilidade. Esperando demais do outro, as coisas que deveriam ser produzidas por nós.
A dependência emocional, que deriva a obsessão, gera sofrimento, não pelos motivos que a pessoa diz ser, mas porque não encontra solução para seu sofrer (que seria ter 24h por dia sua pessoa “amada”), mas pela incompreensão do que é ou não real. Nesse ponto, a exigência de correspondência do querer torna-se tão alta, que passa a ser insuportável e, por consequência, o casal acaba se separando. Mas veja, não quer dizer que a pessoa tenha um histórico infantil para leva-la a ter esse tipo de obsessão, um grande trauma amoroso, por exemplo, pode gerar.
Traumas podem e costumam apresentar-se como um “start” em problemas emocionais e também comportamentais. A perda de uma pessoa (por morte ou separação), pode causar traumas que, se não bem tratados, poderão influenciar o restante da vida de quem foi traumatizado.
Este problema não é exclusividade de casais. Esse tipo de obsessão pode ocorrer também, por exemplo, com filhos, mas a dependência ocorre com semelhança a do caso anterior, com a diferença que pais assim podem (e provavelmente vão) atrasar o desenvolvimento emocional de seus filhos, ou, de outra forma, os obrigarão a se tornarem maduros muito mais rapidamente para conseguir responder às expectativas e as dependências dos pais.
Em qualquer um dos casos, é muito importante que haja acompanhamento psicoterápico. É necessário que se entenda a defasagem emocional do obsessivo para que se amenize e este consiga viver com independência e dignidade.
* Eduardo Henrique Niess Pokk é psicólogo clínico.