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Do escambo ao pagamento do futuro

Do escambo ao pagamento do futuro

06/12/2017 Paulo Menzzano

Os meios de pagamentos digitais em uma era totalmente tecnológica.

Não faz muito tempo, as pessoas acreditavam ser um futuro distante sacar dinheiro por meio de impressão digital e realizar pagamentos por aplicativos (apps), selfies, tecnologias vestíveis, biometria, entre outros recursos.

Hoje, tudo isso é realidade e caminha para o inimaginável. O aumento da convergência e a integração entre o comércio eletrônico e a tecnologia móvel mudarão (já estão mudando, na verdade) radicalmente o mercado de pagamentos.

E essa movimentação será acelerada por meio do desenvolvimento contínuo de ferramentas de compra on-line e da crescente aceitação do consumidor por esse modelo. Um dos principais motores dessa transformação é a proliferação de smartphones e tablets e o acesso à internet/celular que servem como um depósito seguro para a transação financeira sem cartão.

Analistas do setor estimam que o dinheiro vivo deve dar cada vez mais lugar às soluções em dispositivos móveis em alguns anos. É o que comprova uma pesquisa com entusiastas da tecnologia feita pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).

Os pagamentos, afinal, podem ser realizados por aplicativos ou sites, via Near Field Communication (NFC) ou sem contato (contactless) – tecnologia que permite a transação quando há a aproximação do celular de um leitor móvel ou máquina de cartão, ou mesmo de outro celular.

O novo panorama instiga, cada vez mais, as empresas a criarem aplicativos para smartphones que não só reduzem significativamente a dependência do pagamento tradicional, mas também fornecem uma experiência única do cliente ao aumentar o engajamento e a suavizar os pontos de fricção tradicionais do comércio.

Explosão do mobile

Estudos comprovam e registram essa movimentação. Aproximadamente 13% do total gasto on-line no mundo todo em 2015 aconteceu por meio de smartphone, de acordo com a Pesquisa Ipsos/PayPal, publicada pela companhia no começo de 2016.

O levantamento revelou ainda que o e-commerce tradicional no Brasil cresce a uma taxa de 29% ao ano, tendo registrado movimentação perto de R$ 120 bilhões em 2016. Em contrapartida, o mobile commerce cresce três vezes mais: 107%.

A estimativa é de que 8,4 milhões de dispositivos conectados serão utilizados em todo o mundo em 2017, de acordo com estudo divulgado pelo Gartner. O avanço desse mercado é de 31% em relação a 2016 e a previsão é chegar a 20,4 bilhões até 2020. Esses números despertam cada vez mais para a criação de meios de pagamento que simplificam a vida do novo consumidor. É um mercado em franca ebulição.

Para a Forrester Reseach, em estudo a pedido do Google, as vendas na internet no Brasil dobrarão até 2021, impulsionadas pelo crescimento no uso de smartphones. Significa que o segmento registrará expansão média de 12,4% ao ano e atingirá um total de R$ 85 bilhões em vendas. Assim, o comércio virtual exigirá pagamentos mais simplificados. E isso é possível por meio da tecnologia.

Coisas que efetuam pagamentos via Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) – conexão via internet de dispositivos computacionais inseridos em objetos de uso cotidiano, permitindo que eles recebam, enviem e interajam com informações. Coisas que podem realizar compras e, consequentemente, pagamentos.

Essa evolução está em pleno desenvolvimento e certamente nos reserva muitas surpresas com o surgimento de tecnologias inovadoras, que darão origem a novos serviços e modelos de negócios. E pensar que tudo começou com escambo, quando a negociação acontecia por meio da troca de mercadorias.

No mundo e no Brasil

O Reino Unido se tornou o primeiro país do mundo a ter um supermercado onde é permitido que os clientes paguem as compras a partir da tecnologia de impressão digital. Um sistema infravermelho escaneia as veias dos dedos das pessoas e vincula o mapa biométrico às contas bancárias de cada cliente, efetuando o pagamento.

A rede norte-americana de fast food KFC lançou recentemente na China um sistema de pagamento via reconhecimento facial, coincidindo com o uso crescente da tecnologia no país. O terminal de pedidos funciona comparando os rostos dos clientes com a foto que tem em sua conta do Alipay para validar o pagamento.

A rede de farmácias Walgreens é um exemplo de pagamento físico via dispositivo móvel no PDV (ponto de venda). O telefone e o PDV são compatíveis e se comunicam para permitir o pagamento juntamente com recursos de marketing adicionais, como visualização de ofertas do dia, reconhecimento do número fidelidade e outros.

Já o Amazon Go é uma loja na qual o cliente não precisa passar por filas para pagar por seus produtos – ele apenas escolhe os produtos e tudo é transferido para seu smartphone. A fatura chega posteriormente para pagamento digital. Nela, a experiência do cliente sem atritos impera.

O conceito utiliza sensores, que detectam a entrada do consumidor no supermercado e, com inteligência artificial, identificam os produtos que o cliente coloca na sacola de compras. A plataforma identifica até se o cliente desistiu de um produto e devolveu às prateleiras. O processo é semelhante ao utilizado por carros autônomos, com visão computacional e reconhecimento via sensores.

E pensar que tudo começou com escambo, quando a negociação acontecia por meio da troca de mercadorias. Essa evolução está em pleno desenvolvimento e certamente nos reserva muitas surpresas com o surgimento de tecnologias inovadoras que darão origem a novos serviços e modelos de negócios.

Já o mercado brasileiro não está somente atento à evolução dos meios de pagamento, mas também segue em plena atividade. Os bancos já oferecem possibilidades disruptivas. O Banco do Brasil (BB), por exemplo, lançou neste ano uma ferramenta de envio de dados por meio de QR Codes e de redes sociais que facilita a vida de amigos em bares e restaurantes que desejam dividir suas contas.

A Visa, por exemplo, divulgou no primeiro trimestre deste ano óculos capazes de efetuar pagamentos. Eles têm uma tecnologia chamada NFC (que permite comunicação por proximidade). Imagine que basta encostar o objeto para realizar um pagamento!

Muitas outras iniciativas extremamente inovadoras ao redor do mundo provam que ainda vamos assistir a outras formas de pagamento disruptivas. Isso porque o mundo se movimenta natural e freneticamente para isso. Quase que de maneira intuitiva. A tecnologia segue como esteira para materializar as possibilidades de inovação fabricadas pelo incansável cérebro humano.

* Paulo Menzzano é Diretor de Operações da Resource.



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