Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Não é pelos R$ 4.377,73

Não é pelos R$ 4.377,73

21/03/2018 Valdemir Pires

A oposição a este gasto público também é por conta da avaliação negativa do desempenho de juízes.

Não é contra o pagamento de R$ 4.377,73, a título de auxílio-moradia, aos juízes que a indignação da opinião pública se levanta, ainda que de certo modo amordaçada por meios de comunicação de massas que não lhe dão a devida atenção.

É contra o fato de que a nenhum brasileiro, que paga os tributos de onde serão retiradas as tais “bolsas”, é dado acesso a benesse dessa natureza (muito menos em tal magnitude), devendo cada um se virar com habitação (prestação do crédito imobiliário ou aluguel) fazendo uso do salário que consegue (em média R$ 2.500,00, puxada para cima por conta de altíssimas remunerações, inclusive a dos juízes, pois o piso é muito menor, salário mínimo não chegando a mil reais).

A oposição a este gasto público acontece, também, por conta da avaliação negativa do desempenho de juízes e do Judiciário que a população tem feito. Esse desempenho não tem sido dos melhores. Quem necessita acionar os serviços do Judiciário ou é por alguém nele acionado, sabe o calvário que isso implica, em termos de morosidade e tratamento que não raro beira o desrespeito ao cidadão.

Além disso, a percepção (correta ou não), em anos recentes, de um componente de parcialidade político-ideológica e partidária em julgamentos, e na acolhida ou não de certas denúncias, fere a imagem de conjunto dos que atuam com poder decisório no Poder Judiciário do país.

As condições de trabalho de juízes, cercada de aspectos que podem ser considerados mordomias, quando não assemelhados a tratamentos concedidos somente à realeza, também não contribui para que a opinião pública, formada a partir da percepção de gente comum, que rala todo dia sob condições muito distintas, sejam em fábricas, fazendas ou escritórios, seja favorável aos de toga.

Não é possível acreditar que de indivíduos que se beneficiam de injustiça distributiva tão notável e execrável, em termos de renda, com facilidades para determinar as próprias remunerações que nenhum agente econômico (nem ator político) tem, possam, de fato, portar grandes preocupações com justiça, em outros âmbitos da vida.

Ademais, vivendo num mundo completamente à parte daqueles a quem julgarão, é evidente que desenvolvem um tipo de sensibilidade que tende a se distanciar dos pobres e comuns mortais. Tendo em vista que no Judiciário o controle e o saneamento oportunizados pelo voto, de tempos em tempos, não funcionam, para reaproximar o povo dos governantes, neste poder a consciência e a atitude republicanas dos agentes requer muito mais cuidado no tocante a princípios e ao zelo com a imagem.

E as punições para os desvios não podem, jamais, ser, um prêmio: a aposentadoria, com percepção total dos rendimentos. É por esses valores e princípios, republicanos, que a opinião pública se bate, hoje, indignada.

Não é pelos R$ 4.377,73, embora eles aumentem, ainda mais, um padrão remuneratório que está acima do internacional, frente a uma capacidade tributária muito abaixo da verificada em muitos países, e frente a uma carência de políticas sociais que atualmente está sendo afrontada por cortes nos orçamentos públicos, atuais e futuros.

* Valdemir Pires é Economista, professor e pesquisador do Departamento de Administração Pública da Unesp.



Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch