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Orgânicos – quando a ruptura gera oportunidades

Orgânicos – quando a ruptura gera oportunidades

15/05/2018 Ming Liu

O segmento de produtos saudáveis e orgânicos é um dos que mais atraem novos empreendedores.

Orgânicos – quando a ruptura gera oportunidades

O mercado global vem passando por grandes transformações e as mudanças vêm ocorrendo na mesma proporção que a velocidade das informações que trafegam entre nós, os consumidores.

Hoje, os bancos de dados de hábitos e preferências, os chamados big datas, vem tomando papel estratégico para as empresas, em algumas vezes se tornando ferramentas estratégicas, e em outras, situações constrangedoras como o recente episódio do uso de informações que poderiam ter influenciado eleições nos USA e serem utilizadas de forma desleais e até ilegais para outros propósitos.

De qualquer forma são exemplos que diretamente afetam nossas vidas e porque não nosso meio comercial. Atualmente, temos um consumidor altamente conectado com redes sociais, pesquisando produtos e preços, com hábitos de compra e fidelização às marcas cada vez mais complexas e curtas.

Nos Estados Unidos há uma grande mudança no momento que a Amazon, a maior rede de compras online adquiriu a maior cadeia de varejo para produtos orgânicos e naturais, a Whole Foods, e se prepara para introduzir o componente humanizado da Alexa, e que em breve invadirá os lares para além de tocar músicas, ouvir as últimas notícias, saber da previsão do tempo antes de sair, dar conselhos, e por último e mais estratégico dar recomendações orais de produtos e serviços.

Tudo isso conectado levará a comercialização para um novo patamar que certamente será diferente do modelo atual. Bem, para começarmos a falar de varejo e orgânicos, usarei o gancho do maior e mais importante modelo de mercado de orgânicos mundial, o Whole Foods Market, para tratarmos do meio varejo e a proposta da Amazon com compras nas lojas físicas para proporcionar um maior acesso destes produtos orgânicos e saudáveis, que atualmente são o drive do mercado de alimentos junto ao consumidor conectado.

Ter sua prateleira digital, mas ter seu referencial físico também. Ter credibilidade e conveniência. Ser global e local. Tudo para vender mais e se diferenciar. Percebemos que as grandes indústrias e multinacionais do segmento de alimentos tem apresentado nos últimos cinco anos resultados mais estagnados e de baixo crescimento.

Cada vez mais vemos esforços e estratégias das grandes empresas através de fusões e aquisições de forma a gerar maior volume e poderem ter diferentes marcas para todos os públicos e assim quem sabe aumentar vendas e margens.

Na faixa de empresas de pequeno e médio porte os resultados já se mostram mais animadores, e tem sido consideravelmente melhor na medida que conseguem “customizar” produtos e serviços para estes consumidores cada vez mais exigentes e ávidos a produtos inovadores e que tenham conceito e valores que se identificam com os consumidores “conectados”.

Segundo levantamento do Sebrae, o segmento de alimentos fora de casa e o segmento de produtos saudáveis e orgânicos são os que mais atraem novos empreendedores, e são nestes novos empreendedores que estão as grandes oportunidades para o varejo também aprender, crescer, customizar-se, diferenciar-se e passar a ser amado pelo seu consumidor.

Em 2017 foi realizado pelo ORGANIS-Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável a primeira pesquisa de nicho sobre o consumidor no Brasil e que apontou para alguns dados interessantes, que podem ser ferramentas auxiliar do varejo. Podemos dizer que temos o nosso “big data”! Podemos dar algumas dicas do que o consumidor ainda não tem e como poderiam conquistá-lo.

A pesquisa apontou que em média apenas 15% dos consumidores no país consumiram algum produto orgânico nos últimos meses. Não existe ainda nenhuma marca comercial que seja “top of mind” na cabeça do consumidor. Um total de 84% dos consumidores não conseguiu lembrar de uma marca que associasse a produtos orgânicos. 90% consomem ainda produtos perecíveis. Existem novos grupos que fazem compras coletivas e que é um novo modelo de compra direta.

A marca comercial mais lembrada foi citada por menos de 3% dos entrevistados. 84% dos entrevistados apontaram que pretendem aumentar o consumo de orgânicos nos próximos anos. 6 em cada 10 consumidores apontaram a melhora e busca de saúde no processo de decisão.

Os supermercados têm a preferência de quase 60% dos consumidores no apontamento de onde compraram seus produtos. 37% dos consumidores consomem uma vez por semana, 30% consomem duas vezes por semana e 29 % dos entrevistados consomem semanalmente.

Indo para o lado do varejo, também temos algumas constatações que podem ajudar quem sabe se mexer para se sentir mais amados pelos seus consumidores: não existem ainda marcas próprias de redes de varejo que tenha uma representatividade no mercado de produtos orgânicos; não existem ainda empresas nacionais ou multinacionais com marcas ou produtos que sejam representativas e que estejam “no coração” do consumidor; e não existe ainda a cultura de coletividade e co-criação de campanhas de empresas e varejos juntos com o intuito de educar e esclarecer as dúvidas do consumidor.

E ainda: há um reduzido número de lojas e nem em todas as localidades do país que oferecem serviços com entrega à domicilio, temos uma grande rede de mercados locais, composto de feiras de ruas, que têm sido um dos poucos canais de comunicação e aprendizado do consumidor junto ao seu fornecedor.

Existe em muitos casos a fidelização pela pessoa/produto e semanalmente é reforçado este relacionamento. Não há ainda campanhas semanais de oferta de produtos orgânicos, como tem por exemplo barracas de frutas e legumes frescos em certos dias de semana.

Não há pessoal operacional nas lojas, no atendimento e até no processo de reposição que tenha o mínimo de treinamento e conhecimento sobre o que é um produto orgânico. Não há nenhum mercado de varejo que tenha um processo de preparação deste pessoal, e muitas vezes, é erroneamente considerado um simples trabalho braçal de reposição, limpeza e arrumação.

Não há um treinamento ao gerente da loja para ele saber como apresentar o produto, tirar a dúvida ou até oferecer informação uma nova informação ao cliente que esteja em busca de produto orgânico na loja.

Não há uma orientação ao comprador do mercado sobre o que é o produto orgânico e como ele deve prospectar e fazer a sua negociação, como se dá a identificação do produto e até entender sobre as limitações e desafios que um fornecedor pequeno tem para fornecer para sua rede.

E assim, apontamos por hora estas dicas e que acreditamos que se os supermercados trabalharem inicialmente estes pontos, certamente teremos mais clientes que irão afirmar que AMAM seu supermercado!

* Ming Liu é diretor do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (ORGANIS).

Fonte: Comunique-se



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