Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Enquanto uns choram, outros vendem lenços. Acima do preço.

Enquanto uns choram, outros vendem lenços. Acima do preço.

27/03/2020 Hugo Eduardo Meza Pinto

“Vendedor acumula 17 mil garrafas de álcool em gel, mas não pode mais vendê-las”, diz a manchete do jornal.

Nos Estados Unidos, os irmãos Matt e Noah Colvin compraram milhares de garrafas de álcool em gel e outros itens, como lenços antibacterianos, em diversas lojas.

A ideia era lucrar com a lei de oferta e demanda em tempos de COVID-19. Os dois anunciaram esses produtos na Amazon e, em uma hora, conseguiram vender 300 garrafas de álcool em gel a um preço exorbitante.

Depois foram obrigados pela própria Amazon a retirar esses produtos, já que ela segue orientações do governo americano para coibir excessos de especulação em tempos de desespero generalizado.

Na Califórnia, é proibido aumentar preços em mais de 10% em casos de emergência. Nova York proíbe aumentos excessivos e, em Washington, há possibilidade de aplicar leis de defesa dos consumidores nesses casos.

A França decidiu tabelar o preço do álcool em gel e coibir preços abusivos. Por lá, a marca mais comercializada aumentou em 700%. Aqui no Brasil, o preço do álcool em gel e das máscaras subiu até 161%.

Sou a favor da liberdade de mercado, acredito que quanto menos intervencionismo, os mercados fluem melhor, na maioria dos casos. Porém, eventualmente existem falhas.

Na economia, a falha de mercado é uma situação específica na qual a alocação de bens e serviços por um mercado livre às vezes é ineficiente.

Como no caso dos irmãos Matt e Noah, houve uma perda líquida de bem-estar social e beneficiamento às custas de uma das piores crises sanitárias mundiais das últimas décadas.

O momento atual, pelo qual o mundo todo está passando, foge de qualquer condição de previsibilidade. A incerteza e o medo fazem com que os mercados ajam de forma irracional e oportunista.

É só ver a quantidade de circuit breaker - interrupções de negociações na bolsa brasileira - realizada nas duas últimas semanas.

Portanto, pensar que, nesses momentos, o auto equilíbrio de mercado funcionará, é ingenuidade. Preços altos de produtos de primeira necessidade – para fazer frente à pandemia da COVID-19 –  impedem que pessoas de baixa renda e de grupos de risco tenham acesso a eles.

Além disso, uma inflação desses produtos ocasiona prejuízos coletivos, já que hospitais e centros de saúde comunitários podem ter problemas de abastecimento. Benefício de alguns, prejuízo de quase toda a economia.

Além do mais, esse tipo de especulação pode ocasionar uma corrida intervencionista e de limitação de lucros por parte dos Governos em outros setores que não precisam ser regulados.

De qualquer forma, o momento atual exige que o Governo use recursos públicos para disponibilizar bens e serviços que o mercado não dá conta.

Com a possível declaração de Estado de Calamidade Pública, que poderá ser decretada pelo Governo nos próximos dias, espera-se uma maior participação do investimento público, principalmente para ajudar a combater a pandemia e diminuir as falhas de mercado.

Se Adam Smith, pai do liberalismo econômico, estivesse vivo, não aprovaria especulação de preços às custas da saúde humana.

Existe um ditado que diz: “em tempos de crise, uns choram e outros vendem lenços”. A frase não está errada, só que os lenços não precisam ser vendidos excessivamente acima do preço.

* Hugo Eduardo Meza Pinto é economista e doutor, associado da empresa de Economia Criativa Amauta, é professor do MBA em Controladoria e Finanças da Universidade Positivo.

Fonte: Central Press



Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula