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Narcisismo, redes sociais e o medo do diferente

Narcisismo, redes sociais e o medo do diferente

23/07/2020 Sandra Araujo Hott

Narciso acha feio o que não é espelho, diria Caetano Veloso.

Nos consultórios, ouvimos pessoas sofrendo por ter um corpo que transpira, se cansa, tem espinhas e fraqueja, um corpo que perece e parece radicalmente diverso das infinitas cópias.

Teremos nos desacostumado aos rostos vivos com ângulos nem sempre belos ou felizes, mas vivos?

Podemos pensar que o único filtro do corpo vivo é o da ilusão, da fantasia, recobrindo de desejo como um véu velando nossas fragilidades e medos.

A internet proporciona a disseminação de ideias e imagens em uma velocidade cada vez maior. Embora não esteja disponível para a maior parte da população mundial, a web é uma poderosa ferramenta de comunicação e aprendizagem para a humanidade.

Abra-se uma rede social qualquer e encontraremos um fenômeno curioso de apagamento gradual das peculiaridades, ou seja, dá a impressão de que as pessoas têm buscado parecer milimetricamente iguais.

Embora existam excelentes profissionais, alguns processos de harmonização facial se assemelham mais a algum tipo de formatação facial. E nunca basta!

Lembramos do icônico ‘bico de pato’ que fez uma multidão de moças esticar seus lábios ao infinito ajudadas por toda sorte de cosméticos para dar-lhes volume e por exercícios em que usavam copinhos de sucção chineses.

Pode-se ir mais além com algum dos inúmeros preenchimentos labiais para um efeito mais duradouro. E, a todo instante, surgem novos desenhos de lábios considerados mais belos.

Por algum tempo houve uma tempestade de fotos nas quais meninas procuravam algo que havia caído no chão – e que nunca aparecia na imagem – ou seguiam alguma trilha de formigas imaginárias.

E, nova moda, formando uma infinita repetição de poses iguais em lugares iguais e com pessoas se querendo iguais.

Filtros e tutoriais de imagem seguem rechaçando sempre as diferenças. A busca por um ideal de beleza não é novo, assim como não são novas as rupturas provocadas pelos modismos.

A novidade talvez seja o humano, com sua imagem especular, exposto em rede e os múltiplos recursos tecnológicos que possibilitam ter bocas, narizes, rostos parecidos.

O que acontece nessa repetição infinita de querer caber naquilo que pensamos que o outro deseja de nós? Aqui, tanto Freud como Lacan teriam muitíssimo a contribuir, mas faremos apenas uma brevíssima reflexão.

A sensação de pertencimento é apaziguadora para o humano! Entretanto, para ser reconhecido por um grupo qualquer, são necessários rituais específicos que exibam as semelhanças e, simultaneamente, ocultem as diferenças.

Sob o novo filtro, sob a intervenção estética ou sob a maquiagem, esse é o acordo necessário.

O mercado produz necessidades com o objetivo de vender saciedade, e os corpos viram objetos, assim como roupas, carros e perfumes.

Um jovem pode sofrer indefinidamente por conta da imagem corporal que jamais se encaixará nas promessas das fotos retocadas tecnologicamente.

A infelicidade ganha nome, é precificada, e recebe uma promessa de fim quando a moça passa a querer ‘fazer a boca’ de determinada celebridade ou se deseja alinhar o nariz.

A falta constitutiva, porém, seguirá deslizando numa angústia infinita. Por fim, para nossa alegria ou tristeza, somos únicos. Cabe a cada um viver sua própria diferença do jeito que puder.

* Sandra Araujo Hott é psicanalista, professora e supervisora clínica.

Fonte: Agência Drumond



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