Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A corrupção das pequenas coisas

A corrupção das pequenas coisas

13/12/2016 Cicero Urban

Esta crise sem precedentes no Brasil é a mãe de todas elas.

A corrupção das pequenas coisas

Isso nos leva a refletir se nós, brasileiros, somos mais corruptos ou mais tolerantes com a corrupção que outras nacionalidades.

Ou seja, como explicar o drama de termos chegado até este extremo em que uma parcela muito importante da classe política e do empresariado brasileiro está envolvida?

Em primeiro lugar, seria ingênuo imaginarmos que a corrupção só existe por aqui. Ela está presente em todos os países do globo. Em todos, e sem exceção. Também não acho que o brasileiro seja mais corrupto que o americano, o alemão ou o japonês.

Dito isso, o que temos aqui – e que talvez nos diferencie dos outros – é aquilo que eu chamo de “corrupção das pequenas coisas”. Ou seja, são atos menores e deliberados de corrupção presentes no nosso cotidiano, e que fogem do nosso tribunal de consciência.

São atos cuja percepção de dano em consequência deles é mínima ou inexistente. Dizem que, se nós agíssemos como se estivéssemos constantemente sendo observados, eles deixariam de existir. Talvez por isso o debate ético, no início, tenha sido mais desenvolvido no âmbito religioso, com um Deus onipresente e vigilante sobre nós.

Eu sou médico. Dia desses, entrei no elevador de serviço de um hospital em Curitiba. Fiquei surpreso ao perceber que entraram no mesmo elevador de serviço cinco pessoas de uma mesma família que tinham ido visitar um paciente internado.

O elevador parou, então, no primeiro andar e – surpresa – havia uma maca com um paciente que precisava ir para a UTI e que não teve como entrar por falta de espaço! Ultrapassar os limites de velocidade, estacionar em local exclusivo para idosos, não devolver o troco, pedir atestados falsos, não dar recibos, colar na prova...

Afinal, quem não tem pecados que atire a primeira pedra! Claro, todos esses “pecadilhos” cotidianos não estão presentes apenas no Brasil. Mas aqui temos um tribunal de consciência que talvez seja menos rígido que em outras sociedades.

As razões para isso podem estar na nossa colonização predatória ou na baixa autoestima crônica do brasileiro, que sempre acha que o que vem de fora é melhor? Precisaríamos, assim, de uma forma de compensação? Darwin ou Freud podem explicar isso? As nossas reconhecidas virtudes de tolerância com as diferenças, receptividade e alegria nos fizeram menos combativos também com aquilo que está errado? Estou exagerando? Sendo ingênuo?

Então vamos lá... Em um jantar em uma casa de amigos, um desconhecido nos diz que está com dificuldades, porque agora está tendo de dar recibos. Antes era mais fácil. Algo corriqueiro. Corriqueiro? Morei durante anos na Itália.

Na Itália da Máfia e da Operação Mãos Limpas! E nunca escutei isso por lá. Os italianos queixavam-se, sim, de ter de pagar muitos impostos, mas colocarem abertamente formas de não os pagarem, de burlar as regras, isso eu sinceramente não vi.

Se buzinarmos no trânsito para alguém que está errado, qual é a sua reação? Na maioria das vezes, responder com uma agressão verbal (ou mesmo física!). Não quero com isso eximir a culpa do PT ou do seu macunaíma. E de tantos outros em todos os outros partidos.

Eles são o fruto podre de uma sociedade que tolera muito as corrupções das pequenas coisas e que hoje se vê atônita, envergonhada e indignada com as grandes corrupções que hoje também estão no nosso cotidiano. Elas afetam nossa autoestima e comprometem a esperança de um país melhor.

Raul Seixas, em um dos seus momentos de genialidade, dizia que quem não tem presente se conforma com o futuro. As novas gerações podem mudar isso. Aos meus alunos eu sempre digo que reduzam sua tolerância com a corrupção das pequenas coisas.

A banalidade do mal começa com elas. Macunaíma e sua criatura, mais cedo ou mais tarde, se vão. Deixarão, infelizmente, um dos capítulos mais tristes e vergonhosos da história republicana brasileira. Mas a história tem o mau hábito de se repetir onde não se aprende com ela. Afinal, a grande mudança é moral!

* Cicero Urban é médico oncologista e mastologista, professor de Bioética e de Metologia Científica na Universidade Positivo e vice-presidente do Instituto Ciência e Fé em Curitiba.



Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira