A incontinência verbal do presidente no caso do PCC
A incontinência verbal do presidente no caso do PCC
Ao tentar atacar seu desafeto, o Presidente acabou por vituperar as instituições da República e um dos Poderes do Estado Democrático de Direito, assim como seu Ministro da Justiça, que enaltecera o trabalho da Polícia Federal.
Causou espanto, verdadeiro assombro, a ousadia do plano do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma organização criminosa, de alta periculosidade, de sequestrar e matar autoridades públicas, incluindo o Senador e ex-juiz Federal Sérgio Moro e o Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, Lincoln Gakiya, com atuação profícua no Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo.
O trabalho da Polícia Federal desarticulou o criminoso e impensado plano contra as autoridades citadas, entre outras, tendo o excelentíssimo senhor Ministro da Justiça, imediatamente, após a decisão judicial que determinou uma série de medidas (mandados de prisões e buscas e apreensão) vir a público, elogiando a atuação das autoridades policiais.
Segundo sua excelência: “O senador Moro era um dos alvos possíveis. E havia outras autoridades. Chamou a atenção o fato de já haver montagem de estruturas para perpetuação de crimes no Paraná. Por isso, parte da operação foi realizada lá. Havia paredes falsas sendo preparadas em casas, que poderiam ser para armazenar armamentos ou guardar pessoas. Aparentemente, essa organização criminosa é nacional. Um movimento de retaliação”.
Chama a atenção que a operação deflagrada pela Polícia Federal, foi amparada pelo trabalho do Ministério Público Federal, autorizada pelo Poder Judiciário, sendo elogiada, como demonstrado acima pelo Ministro da Justiça.
Não digo que as respeitáveis instituições e o Poder Judiciário não possam cometer equívocos, mas no caso vertente fora identificado vários indícios do plano, que já estava em andamento, como monitoramento da rotina dos alvos da facção, aluguel de cativeiro, entre outros.
Enquanto todos os brasileiros estavam atemorizados com a ousadia da criminalidade, o Presidente da República, contrariando a fala de seu próprio Ministro da Justiça, resolveu, para atacar aquele que o condenara na operação denominada Lava-Jato, Sérgio Moro, descredibilizar as instituições (Polícia Federal, Ministério Público Federal e a própria justiça brasileira).
Em sua conhecida incontinência verbal, em recente entrevista, soltou sua verborragia: “Eu não vou falar porque eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas eu quero ser cauteloso e vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro”.
Ao tentar atacar seu desafeto, o Presidente acabou por vituperar as instituições da República e um dos Poderes do Estado Democrático de Direito, assim como seu Ministro da Justiça, que enaltecera o trabalho da Polícia Federal.
Indignado com a fala de Lula, o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, assim se manifestou no Radar da revista Veja: “Nós confiamos plenamente no trabalho desenvolvido pelos delegados federais que atuam no caso. As investigações foram conduzidas com cautela, responsabilidade e amparo na lei, sendo obtido, certamente, forte arcabouço probatório no curso do inquérito policial. Vale lembrar que todo trabalho da PF é acompanhado de perto pelo Ministério Público Federal e que as medidas relativas as prisões, sequestros e apreensões de bens são determinadas pelo juízo competente. Por isso, em momentos sensíveis como esse, é importante destacar a necessidade de autonomia funcional das instituições e a seriedade do processo persecutório penal”.
O Presidente há de perceber que não está mais em um palanque eleitoral. Deveria apoiar o trabalho investigativo contra o crime organizado.
O deboche em casos de tamanha envergadura e seriedade não calha com a posição de representante maior da nação.
Tenho dito!!!
* Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário.
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Fonte: Naves Coelho Comunicação