Cuidados evitam perdas na hora de vender a empresa
Cuidados evitam perdas na hora de vender a empresa
Problemas administrativos têm cura, exigem paciência, mas o tempo é o principal inimigo quando o assunto é a busca da melhor soluc?ão para tirar a empresa do buraco.
Quanto mais tempo o empresário levar para tomar essa decisão, maior será o rombo nas contas e os prejuízos. Por outro lado, quando há a instauração de uma crise, empresários pensam na primeira hipótese, em livrar-se do negócio o mais rápido possível.
Contudo, vender no pior momento, sem capital de giro e com altas dívidas, não é a melhor solução. Os maus momentos causados pela incompetência administrativa acontecem, mas o que vai diferenciar uma empresa endividada, e ainda com saúde, daquela à beira da falência é a gestão de turnaround aplicada ao momento atual da empresa. É justamente com a reestruturação que tudo será avaliado e opções de saídas para a crise serão levantadas. Esse é o primeiro passo para evitar perdas maiores na hora de vender participação ou a empresa como um todo.
Das 15 empresas mais endividadas do país em 2012, no mínimo, 10 delas buscaram ou ainda recebem auxílio de consultores externos para contornar a situação e recolocar a empresa nos “trilhos” novamente ou receber investimento externo. Estão entre elas a Unimed Paulistana, Atento, Bombril, rede de supermercados Sonda, Eletrobras Amazonas, Piauí, dentre outras, segundo classificação das maiores e melhores empresas, relatório realizado pelo Instituto Great Place to Work Brasil. Portanto, o processo de reestruturação é tido como uma tomada de decisão vital aos negócios e irá impactar muitas vezes na atuação propriamente dita, nos produtos e nos serviços, e também no patrimônio.
Semana passada vimos a SONY, em Tóquio, divulgar que está passando por reestruturação, eliminando produtos que não são rentáveis ou que perderam espaço para a concorrência. No caso, a linha de computadores pessoais (Vaio). A companhia anunciou que a divisão de PCs Vaio será vendida para o fundo de investimento Japan Industrial Partners, que vai criar uma empresa para assumir as operações da marca. Além dessa tomada de decisão importantíssima e histórica para a Sony, a empresa anunciou que eliminará 5 mil postos de trabalho afim de reduzir custos fixos a longo prazo, uma economia que chegará a 100 bilhões de ienes, o equivalente a 988 milhões de dólares.
No universo dos negócios, as reestruturações são processos positivos, mas podem durar anos, dependendo de cada empresa e situação. Nem sempre, empresários e sócios concordam em relação à situação financeira ou percebem que realmente o momento é crítico. Essas divergências são problemas que atrasam muito as tomadas de decisões e impactam na vitalidade dos negócios. Ter uma visão lógica e racional é fundamental, principalmente no caso de empresas familiares.
O sentimentalismo não cabe no universo das finanças, tampouco visões retrogradas. Dito isso, percebe-se que ao longo dos anos as consultorias externas têm demonstrado sucesso nas gestões interinas e nos processos de fusões e aquisições, por trazerem à gestão uma nova visão e posicionamento mais lógico e visando melhores resultados. Para finalizar, antes de vender a empresa e perder dinheiro com essa venda, procure uma assessoria financeira para restaurar o capital de giro, realinhar a equivalência entre o capital ativo e o passivo, sem que o permanente não atrofie o circulante.
Aproveite o momento de crescimento da empresa para reestruturar e a otimizar a margem de lucro, antes que o crescimento se torne um passo em falso diante do futuro. A realização da Copa do Mundo vai trazer benefícios, mas o importante é ter noção de quais os benefícios são ideais para o crescimento e se os mesmos podem, se mal aplicados, levar a empresa para o buraco.
*Vincent Baron é franco brasileiro e sócio-diretor da Naxentia, empresa que presta consultoria de gestão e negócios.