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Os 50 anos de 1968

Os 50 anos de 1968

02/02/2018 Jordana de Souza Santos

As manifestações do ano de 1968 mexeram com a sociedade na esfera política, social e cultural.

O ano de 1968 foi o estopim de uma década de muita agitação política e florescimento de ideias novas que repensavam os padrões sociais estabelecidos. Por isso, além das revoltas dos trabalhadores, houve também revoltas da juventude inebriada pelo clima de contestação que a contracultura proporcionava.

Estas revoltas ocorreram em diversas regiões do mundo. As consequências da Guerra Fria, a invasão ao Vietnã pelos EUA, o descontentamento em relação ao socialismo soviético, o maoísmo chinês e o foquismo cubano, o aparecimento da Nova Esquerda compõem o cenário do período.

O ano de 1968 ficou marcado pelo “maio francês”, mês em que eclodiram as greves operárias em Paris em repúdio à política do Presidente Charles De Gaulle, contrária aos interesses da classe trabalhadora, e pelos protestos estudantis iniciados pelas discussões na Universidade de Paris (Universidade de Nanterre), berço acadêmico de ideais que não tinham espaço nas universidades tradicionais como a Sorbonne.

Estudantes e trabalhadores juntos nas manifestações contra o autoritarismo acadêmico e político, transformaram os protestos numa contestação radical contra o governo gaullista. O movimento estudantil teve um papel de destaque em 1968, assim como, os chamados “novos movimentos sociais” que representavam as mulheres, os negros e outras minorias.

As questões das minorias não estavam relacionadas diretamente às questões socioeconômicas pelas quais se baseavam os partidos comunistas que lideravam as reivindicações dos trabalhadores. Isto afastava os “novos movimentos sociais” dos partidos comunistas, especialmente aqueles ligados ao socialismo soviético, pois, apesar das questões sobre as minorias serem críticas ao capitalismo, não eram revolucionárias por não apresentarem um projeto político alternativo ao modo de produção capitalista.

Os “novos movimentos sociais” propunham uma revolução cultural e comportamental a fim de que as minorias pudessem ter seus direitos reconhecidos, livres de toda opressão. O ano de 1968 é interpretado por alguns autores como uma revolta em favor da individualidade onde se buscava romper com as normas de todo tipo. Esta revolta era, inclusive, contra as organizações políticas tradicionais como partidos e sindicatos e contra as formas de ação propostas.

A revolta era contra o Estado, mas não para derrubá-lo. Nesse sentido, a revolta estudantil teve uma forte repercussão, tornando-se símbolo das lutas deste ano. A juventude reivindicava esta individualidade exacerbada expressa no desapego às tradições e no desejo de poder realizar suas escolhas.

Analisemos o movimento estudantil brasileiro. Na década de 1960 houve um rápido crescimento das universidades brasileiras, o ensino superior passou a ser um ensino “de massas”, voltado para as classes médias que chegavam à universidade. Isto possibilitou também um crescimento do movimento estudantil uma vez que desde o início da década os estudantes estavam mobilizados, o que atraía a atenção dos partidos e organizações políticas.

Com o avanço da industrialização, exigia-se maior qualificação dos trabalhadores. Assim, a “universidade de massas” tinha o objetivo de formar os estudantes para o mercado de trabalho, por isso, um ensino tecnicista com base no modelo americano propagado pelos acordos feitos entre o governo brasileiro, representado pelo MEC, e a empresa norte-americana USAID.

Além da interferência no ensino, aos professores e estudantes era proibido manifestações políticas dentro e fora das universidades. Logo após o golpe militar em 1964 iniciaram-se ações repressivas aos partidos de esquerda, aos trabalhadores, aos estudantes. Em 1968, a repressão se intensificou com a edição do Ato Institucional nº 5.

Também neste ano os ideais de luta armada ganharam maior abrangência entre os estudantes, bem como, a Nova Esquerda. Entre 1966 e 1968 as manifestações estudantis foram intensas, assim como, a perseguição dos militares. Em 1968, a UNE foi desmantelada após a invasão policial ao XXX Congresso em Ibiúna.

Este foi um duro golpe ao movimento estudantil. As organizações políticas tornaram-se clandestinas, muitos estudantes aderiram à luta armada. Estas breves considerações indicam que o movimento estudantil brasileiro acompanhou as manifestações mundiais do ano de 1968 e deixou sua marca na história do país, ajudando no processo de transformação da sociedade.

* Jordana de Souza Santos é doutoranda em Ciências Sociais pela Unesp de Marília.



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