Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Quando a desinformação é menos tecnológica e mais cultural

Quando a desinformação é menos tecnológica e mais cultural

15/10/2019 Alexsandro Ribeiro

Cenário é propício para o descrédito de pesquisas, dados, documentos e uma série de evidências de veracidade.

Passou longe a realidade de que a democratização do acesso à internet se apontava como possibilidade no horizonte, em que teríamos longos e frutíferos debates da juventude em uma esfera pública digital, e em que promoveríamos a participação cidadã on-line. Décadas depois, o excesso de informação e a capacidade quase que infinita de armazenamento em nuvem não resultaram em um aumento do conhecimento e de reflexão. Longe de recair em um determinismo tecnológico, a crítica, de fato, está sobre o comportamento irresponsável, agravado nos últimos tempos pelas fake news.

Na mesma velocidade com que tecnologias em prol do aprendizado e da educação ganham novas ferramentas, surgem novos canais e formatos de entretenimento que disputam com força desproporcional a atenção das pessoas. Na batalha entre interesse público, como informações fundamentais para a vida do indivíduo, e interesse “do” público, como informações desnecessárias ou de pouco valor prático, é nítido qual prevalece.

A facilidade do acesso muitas vezes prevalece ante a dificuldade da reflexão, e a camada de sites e de espaços que vendem conteúdo raso, mastigado e sobretudo de origem e qualidade duvidosa, não é rompida. O ranqueamento é alimentado, em parte, pelo volume de acesso da massa. Assim, firma-se um círculo vicioso, em que os maiores pontuados são os mais acessados, que por sua vez são aqueles que são generalistas e com conteúdo planificado. O problema cultural aqui é justamente o de ‘se render ao mais fácil’, que é a reflexão vendida por caracteres em sites que lucram com o fluxo de internautas.

Esse lucro é maior ainda quando o internauta interage com os demais conteúdos publicitários na página, cujo destino certamente não dialoga com a informação que se buscava. Ou seja, à fragilidade da atenção soma-se ainda o potencial de dispersão que banners animados, links para outros sites, propaganda de entretenimento, entre outras inúmeras iscas que são lançadas nesses sites para desviar o leitor do caminho da informação.

É nesse espaço de disputa de atenção e de desnorteamento com a quantidade crescente de dados que a desinformação ecoa e se multiplica. E as técnicas e estratégias para isso evoluem. Se antes os boatos boca a boca criavam uma distopia, hoje a manipulação ou o desvio da atenção do que de fato é importante para a população se dá por meio de mentiras com marcas de verdades. A manipulação não é de agora, mas a capacidade de propagação do meio on-line torna mais rápida e potente a viralização.

Contudo, isso não significa que o problema esteja na tecnologia, caso contrário, a desinformação seria generalizada. Ele é, em grande parte, comportamental, e é reforçado pelos contornos da contestação gratuita aos métodos científicos e à solidez das instituições que sob a técnica e objetividade atuam no cenário da informação de qualidade, como é o caso do jornalismo. Aqui, o que se estabelece é o fenômeno da pós-verdade.

O cenário é propício para o descrédito de pesquisas, dados, documentos e uma série de evidências de veracidade, dando espaço para o discurso da mentira que se propõe com marcas de realidade. A falta de atenção, por um lado, e a busca por confirmação dos próprios ideais e opiniões é o que vale neste espaço, em que informações em falso contexto, deslocadas do tempo, parodiadas ou com conteúdo manipulado são compartilhadas sem qualquer critério e pudor.

Se é menos a máquina e mais o humano, é neste que devemos nos centrar para prevalecer a lógica do bom uso, do interesse público e do uso da ferramenta tecnológica como base para a emancipação do indivíduo. Para isso, é importante que uma educação de base também seja orientada para o entendimento do on-line e do universo digital como o mesmo do off-line, que dê possibilidade para que cada vez mais os nativos digitais possam se orientar no mar de informações, e que acenda o alerta de que na internet não existem curtidas ou compartilhamentos gratuitos e nem livres de responsabilidade.

Autor: Alexsandro Ribeiro é professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Internacional Uninter.



Nem Nem: retratos do Brasil

Um recente relatório da OCDE coloca o Brasil em segundo lugar entre os países com maior número de jovens que não trabalham e nem estudam.

Autor: Daniel Medeiros


Michael Shellenberger expôs que o rei está nu

Existe um ditado que diz: “não é possível comer o bolo e tê-lo.”

Autor: Roberto Rachewsky


Liberdade política sem liberdade econômica é ilusão

O filósofo, cientista político e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), um dos mais influentes economistas liberais do Século XX, imortalizou um pensamento que merece ser revivido no Brasil de hoje.

Autor: Samuel Hanan


Da varíola ao mercúrio, a extinção indígena persiste

Os nativos brasileiros perderam a guerra contra os portugueses, principalmente por causa da alta mortalidade das doenças que vieram nos navios.

Autor: Víktor Waewell


A importância de uma economia ajustada e em rota de crescimento

Não é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor sustentabilidade.

Autor: Gino Paulucci Jr.


O fim da excessiva judicialização da política

O projeto também propõe diminuir as decisões monocráticas do STF ao mínimo indispensável.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O inesperado e o sem precedentes

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Crédito consignado e mais um golpe de milhões de reais

No mundo das fraudes financeiras, é sabido que os mais diversos métodos de operação são utilizados para o mesmo objetivo: atrair o maior número possível de vítimas e o máximo volume de dinheiro delas.

Autor: Jorge Calazans


Quando resistir não é a solução

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que resistimos, persiste.

Autor: Renata Nascimento


Um olhar cuidadoso para o universo do trabalho

A atividade laboral faz parte da vida dos seres humanos desde sua existência, seja na forma mais artesanal, seja na industrial.

Autor: Kethe de Oliveira Souza


Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula