Portal O Debate
Grupo WhatsApp

STF e a questão de medicamentos de alto custo

STF e a questão de medicamentos de alto custo

07/10/2016 Luciano Correia Bueno Brandão

O fornecimento desses medicamentos não teriam porque serem negados aos pacientes, independente de condições financeiras.

Pendem de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), dois recursos nos quais se discute se o Estado é obrigado a fornecer remédios de alto custo ou sem registro nas listas do SUS e da Anvisa a quem não pode pagar.

A questão é de fundamental importância e de impacto direto na vida de milhares de pacientes que dependem do acesso de medicamentos através do SUS e repercute, indiretamente, também sobre o dever de os planos de saúde privados custearem medicamentos ainda sem registro na Anvisa, tema este que suscita acaloradas discussões judiciais.

Inicialmente, o Ministro Relator Marco Aurélio Mello, havia definido que o Estado não poderia ser obrigado a fornecer um medicamento sem registro nos órgãos competentes. Devido à enorme repercussão do caso, o Ministro alterou seu voto, passando a admitir que medicamentos ainda não registrados no Brasil, mas devidamente testados e certificados no exterior podem ser fornecidos pelo Poder Público.

A verdade é que a questão suscita e enseja inúmeras discussões, não apenas de ordem jurídica mas até mesmo ética. É legítimo garantir o fornecimento de medicamentos apenas aos comprovadamente hipossuficientes?

A Constituição garante a saúde como direito de todos. Não há na lei observação de que somente os pobres devem gozar da tutela do Estado. Alguém que goze de melhor condição financeira deve ser obrigado a suportar às próprias expensas a aquisição de determinado medicamento de alto custo, mesmo quando paga seus impostos e deveria, em tese, obter amparo do Estado em caso de necessidade?

A tais dilemas, se somam outros como a administração sustentável dos recursos do Estado. Como atender a contento uma altíssima demanda de medicamentos de alto custo com recursos limitados? Muitos invocam, neste caso, o "princípio da reserva do possível", como uma forma de limitar a responsabilidade do Estado dentro de critérios de razoabilidade.

Por fim, como mencionado antes, também os planos de saúde poderão sofrer impacto indireto. Hoje, há milhares de ações judiciais em trâmite no Brasil nas quais se discute, exatamente, o dever dos convênios arcarem com o custeio de medicamentos importados prescritos a seus beneficiários, alguns deles ainda não registrados na Anvisa, sendo importante anotar que, na enorme maioria das decisões, o Judiciário tem reconhecido o dever de fornecimento.

Fato é que a questão deve ser analisada sob múltiplos aspectos e não cabem respostas simplórias. Medicamentos ainda não registrados na Anvisa não devem ter o seu fornecimento sumariamente descartados, seja pelo Estado seja pelos planos de saúde privados.

Com efeito, se determinados medicamentos tem sua eficácia comprovada por meio de estudos clínicos reconhecidos pela comunidade médica (inclusive internacional), não haveria motivo pelo qual não admitir o seu acesso a pacientes no Brasil.

Vale dizer, se determinados remédios já foram aprovados em órgãos de saúde no exterior, como Estados Unidos e Europa e são reconhecidos como eficazes, o paciente brasileiro não pode ser penalizado pela simples falta de registro pela Anvisa e demais órgãos regulamentadores nacionais, que em muitos casos decorrem de burocracia injustificada.

Obviamente alguns critérios podem ser estabelecidos para regulamentar as circunstâncias e condições para o fornecimento de tais medicamentos, mas em última análise, negar acesso a tais medicamentos - seja pelo SUS, seja pelos planos de saúde -, em virtude única e exclusivamente da falta de registro nacional não nos parece razoável e os eminentes Ministros do STF parecem sinalizar entendimento neste sentido. Quem viver, verá.

* Luciano Correia Bueno Brandão é advogado especialista em Direito à Saúde, do escritório Bueno Brandão Advocacia.



Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves