Surpresa na missa
Surpresa na missa
Durante a minha juventude participei de um grupo de jovens que se reuniam aos sábados no salão paroquial da Igreja de São Francisco das Chagas, no bairro Carlos Prates.
Por isso o grupo se chamava MJCP: Movimento Jovem do Carlos Prates.
Aos domingos o grupo se reunia para a celebração da missa das 18 horas, quase sempre celebrada pelo Frei Basílio, orientador espiritual do grupo.
Além de ajudar na elaboração dos textos da celebração, alguns integrantes do grupo tocavam violão nessas missas, que normalmente ficavam bastante cheias e animadas.
E o "grupo de jovens" mantém relacionamento até hoje, mais por por meio digital que presencial. No próximo mês iremos comemorar 50 anos da criação do MJCP, agora num encontro presencial. E serão muitas as histórias a serem relembradas.
Lembro-me de uma ocorrida com uma das grandes amigas que mantenho até hoje, a Valéria, que também toca violão. Certa vez ela me procurou:
- Tonho, tenho uma amiga cuja filha está fazendo quinze anos e ela vai mandar celebrar uma missa e me pediu para eu tocar. Queria que você fosse tocar comigo. Vamos tocar as músicas que a gente está acostumado a tocar na nossa missa das seis. Vai ser tranquilo.
- Claro, Valéria. Vamos escolher as músicas e vou lá tocar com você.
Ela chamou uma amiga que também tocava violão e o trio foi tocar naquela missa de quinze anos. A celebração foi numa igreja na Paróquia São Vicente de Paula, na Av. Amazonas, próximo ao Cetec.
A comunidade era desconhecida para nós, diferente da que frequentava a missa das seis, onde a maioria nos era bem familiar.
Imprimimos os folhetos com as letras das músicas escolhidas para a cerimônia, todas já bastante conhecidas por nós. Mas uma grande surpresa nos esperava.
A música escolhida para o rito de entrada foi uma cujo arranjo não tinha uma introdução que nos indicava o tom.
O canto já iniciava junto com o primeiro acorde. E aí eu cometi um erro básico: deixei de dar um toque no acorde inicial para ouvir o tom da música.
Quando bati este primeiro acorde e comecei a cantar, o tom do violão e o da minha voz estavam bem distantes um do outro.
Levei um susto e não sabia o que fazer. Busquei socorro nas minhas amigas que tocavam comigo. Quando olhei para o meu lado, a Valéria estava debruçada no violão morrendo de rir. E sua amiga totalmente solidária a ela.
E eu sem saber o que fazer: parar ou continuar com aquele show de horror. Aquela situação embaraçosa parece que durou uma eternidade.
Se existisse um "vergonhômetro", com certeza ele teria batido no fim da escala. Eu só queria que chegasse o momento de cantar a próxima música para desfazer aquela péssima impressão da primeira.
Quando o padre começou a missa, deu as boas-vindas aos fiéis e comentou:
- Eu só acho que vocês não deveriam deixar o rapaz do violão cantar sozinho. (Mas no fundo, acho que ele queria falar: cantar sozinho e tão mal!)
Terminado aquele sofrimento, veio a próxima música, e agora voz e violão estiveram no mesmo tom, para nossa alegria e, principalmente, para alívio dos ouvidos daqueles fiéis.
* Antônio Marcos Ferreira
Para mais informações sobre histórias clique aqui…