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Zumbi e o Dia Nacional da Consciência Negra

Zumbi e o Dia Nacional da Consciência Negra

20/11/2020 Antonio Artequilino

Precisamos despertar as consciências adormecidas para a grande importância do Dia Nacional da Consciência Negra.

Devemos, por meio do compromisso ético-crítico que assumimos com as novas gerações, denunciar a tentativa perversa de alguns revisionistas de desvalorizar a figura de Zumbi dos Palmares e de enfraquecer os movimentos de resistência contra as nefastas consequências do racismo estrutural.

A poesia abolicionista foi um exemplo digno da resistência no campo literário contra um sistema escravocrata repleto de horrores e exploração que durou mais de três séculos e meio no Brasil.

Sem dúvida, as relações escravistas foram bastante complexas e deixaram inúmeras sequelas políticas, econômicas, sociais e culturais, sendo que o racismo estrutural precisa ser urgentemente compreendido e combatido na atualidade.

Uma grande questão se apresenta: como combater as forças reacionárias que insistem na manutenção da lógica de exploração e de preconceito no Brasil?

Sabemos que a discriminação contra o negro está entranhada na nossa sociedade desde os tempos do Brasil colonial.

Portanto, o racismo estrutural resulta de um processo histórico, político, social, cultural e econômico repleto de grandes contradições e de incoerências abissais.

A herança da escravidão é maldita. Trata-se de uma mácula que envergonha o nosso país e requer urgentemente a formação de consciências críticas.

Os que rejeitam o processo de ampliação e valorização da Consciência Negra tentam desqualificar Zumbi com argumentos que não podem ser comprovados documentalmente por meio de registros históricos.

Zumbi simboliza a luta pela emancipação, pela liberdade e pela defesa dos direitos da população afrodescendente.

Sabemos que a figura de Dom Pedro I simboliza a independência do Brasil por meio do “grito do Ipiranga”, e entendo que é justo.

Contudo, convém destacar que o referido imperador não foi questionado pelos pretensos revisionistas em razão do seu comportamento social impulsivo e descomedido, ou seja, Dom Pedro I se envolveu em inúmeros escândalos, mas ninguém ousou propor o fim das comemorações do dia 7 de setembro.

Outrossim, sabemos que Tiradentes não lutou por um processo amplo de libertação de todo o território colonial do jugo português, mas não se vê ninguém vociferando em favor da anulação do seu título de Patrono da nação brasileira.

Então, por que questionar Zumbi dos Palmares? Devo esclarecer que o símbolo se projeta numa dimensão imensuravelmente maior do que a figura humana por ele representada.

Vale ressaltar que nossa identidade nacional foi construída a partir da multiculturalidade étnica, das diferentes formas de linguagem que se entrecruzaram historicamente, da religiosidade, do folclore, da culinária, da memória, do imaginário popular, da musicalidade, da dança e das demais expressões artísticas-culturais.

Nesse Dia Nacional da Consciência Negra, devemos reconhecer com orgulho que os escravos negros tiveram papel importantíssimo na composição identitária brasileira.

Ao contrário do que deveria acontecer, percebe-se o crescente avanço de grupos reacionários, agressivos e fanatizados que se declaram contrários ao estabelecimento de políticas reparadoras baseadas em quesitos raciais.

Argumentam com veemente reducionismo que a exclusão social no Brasil não é determinada pela cor da pele, mas pela pobreza, ao passo que as estatísticas provam que a realidade é bem mais complexa.

Por exemplo, o Atlas da Violência apurou que 75% das vítimas de homicídio no Brasil são negras. E o que dizer do acesso à educação, saúde, postos de trabalho, remuneração justa, moradia, saneamento básico e a outros direitos essenciais?

Todos os indicadores comprovam de forma cabal que a população negra tem menos oportunidades do que a população branca em todas as esferas da sociedade brasileira.

O racismo estrutural está presente no Brasil contemporâneo e resulta de um percurso sócio-histórico caracterizado pela exploração da mão-de-obra escrava, incluindo todo o legado de dominação, de horror, de sofrimento, de exploração e de arbitrariedades da escravidão.

A concentração do poder político e econômico nas mãos de uma elite irresponsável e perversa impediu ao longo da história o processo de inclusão dos afrodescendentes. O Brasil nunca foi uma democracia racial.

O racismo estrutural precisa ser reconhecido e combatido pelas instituições democráticas para que prevaleça a cidadania e o bem comum. Viva Zumbi do Palmares! Viva a Consciência Negra!

* Antonio Artequilino é Historiador, mestre em educação, doutor em linguística, professor, escritor, poeta e consultor pedagógico da Conquista Solução Educacional.

Fonte: Central Press



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