Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O exercício do contraditório para quem está disposto a ele

O exercício do contraditório para quem está disposto a ele

18/05/2021 Candice Almeida

"Somos cada vez mais conduzidos por nossos hábitos online, pelos cliques que fazemos ou deixamos de fazer. O algoritmo reconhece e incentiva a repetição: ir aos mesmos endereços, rodar as mesmas timelines, consultar as mesmas vozes, ouvir os mesmos argumentos".

Nessa fala, a jornalista Renata Lo Prete estava refletindo sobre o fazer jornalístico, mas ela serve de alerta para o modo como conduzimos nossa busca por informação.

A grande dificuldade do debate hoje - especialmente no ambiente virtual - é a formação de bolhas. Como disse Lo Prete, o algoritmo nos apresenta aquilo de que já gostamos.

Isso acaba por nos impedir de ampliarmos o horizonte de informação, além de reforçar - e até radicalizar - aquilo em que já acreditamos. Hoje, invariavelmente, buscamos as confirmações de nossas crenças.

Nesse cenário, torna-se imperativo que escolas e universidades criem ambientes de promoção da pluralidade de ideias.

O exercício do contraditório é enriquecedor, para quem está disposto a ele. O método de pesquisa é o caminho para a busca do conhecimento. É preciso, entretanto, tomar cuidado para não dar voz ao absurdo.

Entra aqui o paradoxo da tolerância de Karl Popper, filósofo inglês. Devemos ser intolerantes com quem deseja acabar com a tolerância?

Fazer apologia ao nazismo na Alemanha é crime, pois ameaçar a vida de alguém não é liberdade de expressão. A vida está antes da liberdade até na Constituição.

O debate é importante, a pluralidade de ideias também, mas há temas que não são mais debate: nosso planeta não é plano e isso já foi resolvido na Grécia antiga; é a Terra que gira em torno do Sol, e não o contrário, isso já foi estudado no século 16; o nazismo não é um movimento de esquerda, já na 2a Guerra isso era claro; o aquecimento global é um fato e foi identificado nos anos 80; vacinas salvam vidas sim e o SUS tem um programa de dar orgulho em muito estrangeiro.

Ou seja, o debate deve ser sobre como evitar o aquecimento global, sobre como não permitir outro genocídio e sobre como ampliar o alcance dos imunizantes, e não se tudo isso existiu ou é verdade. Isso não é opinião, é desonestidade, maldade ou ignorância mesmo.

Dois clássicos da literatura foram proféticos nesse debate: 1984 e Admirável mundo novo. Orwell temia que a informação nos fosse privada.

Já Huxley temia que não houvesse mais motivo para nos privar de informação, pois teríamos tanta que nos perderíamos. O que seria pior: esconder a verdade - temor de Orwell - ou ninguém lhe dar importância - receio de Huxley?

Nem dá para dizer qual deles têm mais razão, pois somos a mistura de tudo. Opiniões tomam ares de informação e ofensas se escondem na constitucional liberdade de expressão.

Por tudo isso, faz pouco sentido diminuir a carga horária das aulas de Filosofia e Sociologia nas escolas. Faz menos sentido ainda desprezar essa formação humana tão importante para construção de consensos e de propostas de enfrentamento para uma sociedade melhor.

Para promover maior abertura de ideias é preciso reduzir as desigualdades e facilitar a mobilidade social. É preciso entender que o diálogo é que promove o consenso nas sociedades democráticas. Para promover o debate, escolas e universidades devem partir de dois pontos: razão e respeito.

Tudo, claro, a partir do ponto da igualdade de direitos e a partir de fatos. Tudo fora disso é tirania. O Paraná está na 3a divisão, isso é um fato. Não há Copa João Havelange que nos salve de lá. Isso é injusto, eis uma opinião.

* Candice Almeida é professora de Redação do Colégio Positivo e assessora pedagógica de Redação no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios do Grupo Positivo.

Para mais informações sobre sociedade clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: Central Press



Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves